segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Mitos sobre a criação de filhos

Muito do que o senso comum indica que os pais devam proibir ou evitar, na verdade, pode ajudar e servir para o desenvolvimento das crianças. Então, que tal conhecer alguns mitos na criação de filhos e ficar por dentro?



Mito 1 - açúcar deixa as crianças agitadas 

Pirulitos, balinhas, sorvete: além de engordar e causar cáries, essas bombas de açúcar dão tanta energia que funcionam como drogas estimulantes, capazes de fazer as crianças rodopiarem pela sala a noite inteira. Ok, as duas primeiras afirmações são verdadeiras, mas a última é puro mito. O grande vilão da alimentação infantil pode não ser uma maravilha da alimentação, mas também não é um estimulante. Como algumas crianças já são agitadas por natureza, ganhar um doce pode ser um motivo a mais de felicidade que vai deixá-las acesas por mais tempo - daí uma razão para que os pais tenham a impressão de que ela está mais ativa.

Na verdade, o açúcar pode até trazer conforto e ter efeito calmante. Além de ser o primeiro sabor reconhecido pelas crianças pequenas, o vilão também pode funcionar como um analgésico.

Mito 2 - Sujeira ajuda a criar anticorpos 

Como já diriam as propagandas de sabão em pó, para que as crianças cresçam saudáveis, faz bem uma boa dose de vitamina "S" (de sujeira), certo? Por isso, virou moda entre os pais moderninhos deixar o filho se esbaldar na lama.

Os argumentos em prol dessa atitude vêm da Teoria da Higiene, proposta pelo médico inglês David Strachan no fim dos anos 80. Ele concluiu que crianças nascidas em famílias com muitos irmãos, expostas a mais agentes infecciosos, teriam menos alergias, pois colocam seu sistema imunológico para trabalhar. Ou seja: o aumento dos casos de doenças como asma, bronquite e rinite seria causado pelo excesso de limpeza e pelo pouco contato com outras pessoas contaminadas.

"Sujeira faz mal, sim. Principalmente até os dois anos de idade, quando toda criança ainda é imunologicamente deficiente", afirma o pediatra Sérgio Eiji Furuta, da Unifesp.

Mito 3 - Mamadeira é sempre pior do que leite materno 

Em qualquer caixa de leite em pó, está a advertência do Ministério da Saúde: "O aleitamento materno evita infecções e alergias e é recomendado até os dois anos ou mais". Desde 2001, a Organização Mundial da Saúde recomenda que até os seis meses de idade a criança não tome ou coma nada, a não ser leite materno. Seria isso mais uma mentira que os médicos contam às mães?

Não. Não há dúvidas de que o leite produzido pela própria mãe é o melhor para mamíferos de qualquer espécie - inclusive humanos. Transmite anticorpos da mãe e é mais fácil de ser digerido e ter suas vitaminas aproveitadas pelo corpo do bebê.

O problema é que nem toda mulher pode ou gosta de amamentar. Mesmo as que podem às vezes não devem, como no caso das que precisam tomar remédios como antidepressivos, já que os princípios ativos podem passar pelo leite. Também acontece com frequência de o bebê se recusar a mamar no peito da mãe.

Mito 4 - Televisão afasta as crianças dos livros 

Se a sua avó ainda acredita que a televisão atrapalha o desenvolvimento das crianças, pode contar para ela que esse é mais um mito. A impressão de que elas ficariam preguiçosas e com aversão aos livros é falsa. "Não dá para dizer que a televisão faz mal por princípio", afirma a educadora Rosália Duarte, especialista em educação da PUC-Rio. "O problema é restringir o tempo da criança a uma atividade só. Brincar somente na rua ou praticar esportes o dia inteiro também não vai ser bom", diz.

Segundo a Academia Americana de Pediatria, o ideal é que as crianças passem no máximo duas horas por dia em frente a telas luminosas (computadores e celulares entram na conta). E existe uma forma correta de assistir: de preferência em família. "Pesquisas mostram que assim a experiência muda completamente. Como quando leem um livro com um adulto e comentam sobre ele", afirma Roberta Golinkoff, especialista em linguagem e educação da Universidade de Delaware, nos EUA.

Mito 5 - Videogame atrapalha a concentração 

Pelo contrário. Não só os pais modernos, que também cresceram jogando, mas psicólogos e neurocientistas já sabem hoje que os jogos eletrônicos trazem uma série de benefícios para as crianças - do aumento da concentração à capacidade de tomar decisões. Se alguém aí se pergunta como enfrentar monstros ou acelerar um carro virtual pode ajudar a desenvolver habilidades intelectuais, entenda: o importante não é no que você está pensando enquanto joga, mas a forma como você está pensando. Em boa parte dos jogos, a criança é obrigada a parar para coletar evidências, analisar situações, prever o desenrolar da partida, consultar seus objetivos a longo prazo e só então decidir.

Os games podem inclusive ajudar a melhorar o foco em crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Nos Estados Unidos, a Nasa estuda alguns desses efeitos benéficos há mais de dez anos. "Livros ativam nossa imaginação e música desperta emoções, mas os jogos te forçam a decidir, escolher, priorizar", afirma o escritor Steven Johnson no livro Tudo que é Ruim é Bom pra Você (Zahar, 2012).

Fonte

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